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Só queria descomplicar. Deixar coisas pequenas para lá.

Só queria viver sem o medo de sentir dor, sem o medo de se machucar, sem o medo de perder.
Só queria viver por viver. Viver por você. Por mim.
Tudo o que eu queria era viver. Por amor. Por vontade.
E foi com isso que eu vivi. Foi por isso que eu vivi. Foi em busca disso que eu corri.
Por isso que te digo: só quero viver com você. Por você. Por mim. Por amor. Por vontade. Por viver.
Só quero acertar, descomplicar, viver, amar...


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"Sentia-se contente por não estar apaixonado, por não estar contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido do humor. Tornam-se psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."


-Charles Bukowski


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E de repente bate aquela saudade...
aquele medo sem motivo aparente, sem explicação condizente, mas ao mesmo tempo tão gigante. O medo que toma conta do seu ser, ocupando cada espacinho vazio em seu peito, sufocando cada palavra de consolo, cada suspiro não demonstrado...

O medo da perda...


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Aquele momento em que você descobre o quão idiota você é.
Aquele momento em que você repara o quão errada são as coisas que você faz, diz, pensa, deixa de falar, deixa de fazer, deixa de pensar.
Aquele momento em que você se odeia como se fosse a pessoa mais repugnante do mundo.
Aquele momento em que você quer se esconder do mundo para não causar mais nenhum mal à humanidade.
Aquele momento de fuga repentina e dolorosa.
Aquele momento de procura incessante por algum jeito de remendar seus erros.
Aquele momento em que você bate a cara contra a parede por ver que nem sempre dá para consertar o "mundo".
Aquele momento em que você só quer se recolher a sua insignificância e nunca mais sair de lá.
Aquele momento em que você se odeia por ser quem é.
Aquele momento...


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"Desconfia do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer impossível de mudar."


-Bertold Brecht

Ainda sem resposta.


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"Não mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura. O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através de literatura que poderá talvez se manifestar."

-Clarice Lispector

Sem nomear...


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Pensar em termos e classificar as relações é ordenar o seu mundinho colorido.
Desnecessário, cansativo, lastimante, fracassado, impossível? Talvez...

Afinal, não é o nome da coisa em si que constitui a sua essência. Mas, sim, o valor simbólico que atribuímos a ela. São as relações, tanto pessoais quanto sociais, que a definem como determinada coisa. Então, se já existe esse emaranhado de sensações, esse conjunto abstrato de "classificações", já existe a coisa em si.
Não é o nome que a define, não adianta nomea-la, ela existe antes disso, é um dado "a priori", ela que constitui o nome e não é o contrário. Desse modo, as coisas são colocadas como intrínsecas a você, presentes no seu ser cuja existência independe de vontade propriamente dita.


A vida é assim: um conjunto amarrado de sentimentos, relações, sensações...teias que transpassam a existência material, é algo além de ser definido, nomeado, classificado...


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"É fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem."

- Caio Fernando Abreu


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"And that was the day that I promised
I'd never sing of love
If it does not exist
But darling,
You are the only exception
You are the only exception..."

Sigilo total


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O silêncio foi quebrado, gritos ecoam pelo ar, o sigilo foi violado.
Agora já era: choque entre verdades.
Diferentes pontos de vista, diversas sensações misturadas.

Palavras trovejam, choros são repreendidos.
Mágoas antigas retornam, retomam o seu lugar.
O ciclo continua: outras pessoas, diferentes sentimentos e os mesmos erros.


Sem mim


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Ser sufocado pelas próprias mágoas, pelas próprias ilusões ou desilusões.
O pior não é sufocar, mas sim constatar que apenas você é o culpado pela falta de ar.
Difícil momento em que o ar torna-se rarefeito e não tem ninguém para te salvar.
Mais complicado é ver que não há ausência de pessoas ao seu redor, pelo contrário, você está rodeado de - talvez - pessoas incríveis. Mas tanto faz, afinal, a maior ausência se encontra ali.
Todos estão lá, menos você.

Ausente em si.

Perdido em seu próprio emaranhado de conceitos, ideologias e medos, sem o reconhecimento de seus desejos, sonhos e concretizações. Completamente desnorteado de quem foi, quem é e quem quer ser.

Quem disse que se perder era a melhor maneira de se encontrar, estava muito enganado.

Vítima do dualismo.


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Ser miserável entre os miseráveis
- Carrego em minhas células sombrias
Antagonismos irreconciliáveis
E as mais opostas idiossincrasias!

Muito mais cedo do que o imagináveis
Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias
Cóleras dos dualismos implacáveis
E à gula negra das antinomias!

Psiquê biforme, o Céu e o Inferno absorvo...
Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,
Feita dos mais variáveis elementos,

Ceva-se em minha carne, como um corvo,
A simultaneidade ultramonstruosa
De todos os contrastes famulentos!


-Augusto dos Anjos

Queria voltar a ser eu...


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Voltar ao passado nem tão distante.
Ter na minha presença a completude de meu ser.
Calar as minhas mágoas com as fortes palavras que um dia já escrevi.
Declarar guerra aos momentos de mudez.
Fugir do que me restringe para poder, enfim, encontrar o que me completa.

Aquele momento em que você quer matar qualquer sentimento;


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"O amor era o que mais doía, e de todas as tantas dores, essa a única que jamais confessaria."

"Digo para mim mesmo que não é preciso assassinar o que já está morto (...)"

"Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito."

"Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei (...)"

"Talvez fosse um pedido de socorro envergonhado."

"(...) a minha absoluta falta de habilidade em lidar com as pessoas."

"Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também."

"Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo."

"Ah, a grande náusea por esses pequenos poderosos, que ferem e traem e mentem em nome da manutenção de seu ego imensamente medíocre."


-Caio Fernando Abreu, sempre ele.

Sem título, sem descrição.


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Caminhava rapidamente, apenas via vultos ao meu redor, a visão estava meio turva devido ao fluxo de pensamentos que rodeavam minha mente.
Não notei sua presença, na verdade, eu nunca notava sua presença, mas você sempre estava ali.
Andei milhas e milhas sem jamais lembrar.
Hum...talvez eu lembrasse, ou talvez, eu andava era tentando fugir. Mas talvez, só talvez.
Só que de repente bati de cara contra você, não consegui correr porque eu percebi que você estava ali. Simplesmente o "faz de conta" tinha acabado, não tinha como sumir porque eu havia lembrado. E lembrar é o primeiro passo para não esquecer.


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Quero sumir.
Fugir daqui.
Partir descalça, para bem longe desse mundo superficial. Encontrar um lugar ao sol, distante dessa incomprensão e anomia.
Quero fugir de você que tende a enxergar só o seu lado na vida.
Quero esquecer da sua falta de perspectiva e, ao mesmo tempo, abandonar a dor que o outro me causa.
São tantas coisas erradas, tantos submundos caóticos e tantas mentes degeneradas.
As verdades e as mentiras ditas já se confudem, já me confundem. E assim vamos seguindo em descompasso com a nossa essência, com a real essência do mundo e das pessoas no geral. Ninguém mais busca o que afirma como objetivo, na verdade, há um grande mar de hipocresias. É um emaranhado de conceitos, medos, amores, imagens, palavras, poesia, música...na aparência é lindo, na profundidade é pavoroso. Em partes é a perfeição, na complexidade é mostrado como um grande bobalhão.

As palavras aqui escritas, confundem-se e formam um texto desconexo, sem um único sentido mas com vários sentidos. Não há um entendimento só, é um conjunto complexo de acontecimentos.
É sobre você, mas também é sobre o mundo. É sobre sentimentos, mas também é sobre a realidade materialista. É sobre o meu coração, mas também é sobre política, sociedade e relações humanas.


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"Nunca diga te amo se não se interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.
Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em
lágrimas por causa de ti.
A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone
por você quando você não pretende fazer o mesmo."

-Mário Quintana

Masoquista.


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É impossível fazer sumir uma pessoa da sua vida, ainda mais quando, no fundo, você não quer que essa pessoa suma.
Mas o pior é quando a pessoa some, por livre e espontânea vontade, e você tende a vasculhar os cantos procurando-a, até que você a encontra.
Econtra e observa, distante.
Tenta gravar cada movimento, cada piscar de olhos, cada palavra dita, só para lembrar depois. Grava inconscientemente e egoístamente só para você, de repente você se lembra do quão masoquista isso é, da tamanha dor que isso proporciona e do tempo que perde pensando nisso. Aí já é tarde, você novamente trouxe a pessoa para a sua vida, só que mais uma vez platonicamente.

seria melhor nunca ter te conhecido.

mil vezes idiota.


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A gente acha que matou, mas se dá conta que o monstro continua embaixo da cama.
E quando olhamos para trás, encontramos ele lá, nos obsevando, nos perseguindo. Será tão difícil fazer ele sumir?
Queria ter forças para extirpa-lo desse mundo, ter o poder de matá-lo com o pensamento.
Nunca queria ter criado algo como ele.

Monstro sentimental: regado por falsas expectativas e ilusões desmedidas.

Versos Íntimos


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Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somemte a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

-Augusto dos Anjos


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Cansei.
Cansei da indiferença, cansei da hipocresia, cansei de acreditar e me tornar desacreditada.
Cansei de tudo aquilo que um dia você me disse.
Cansei de estender a mão e ser, logo depois, ignorada.
Cansei de me apegar e ser esquecida.
Cansei de jogar conversa fora e não ser amiga.
Cansei de amar e não ser amada.
Cansei de escutar e não ser ouvida.
Cansei de palavras distante de ações.
Cansei de mentiras.
Cansei de aparência para impressionar e carência para conquistar.
Cansei de meras ideologias.
Cansei de me abandonar para ajudar os outros.
Cansei de você. Cansei de mim. Simples assim.
Perdi o rumo da trilha, sai correndo, fiquei sem fôlego e desvaneci.

Soneto.


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Sobre estas duras cavernosas fragas,
Que o marinheiro furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n'alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas:

Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim!) palpando e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas:

Cego aos meus males, surdo ao teu reclamo,
Mil objetos de horror co'a ideia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo:

Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.


-Bocage


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Se um dia eu não quiser falar, queira me ouvir mesmo assim.
Se um dia eu te disser para partir, me ignore.
E volte para mim.

diálogo.


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-Aiiiiii!
-O que aconteceu, menina?
-Me cortei com os cacos de vidro.
-Nossa, calma. É um corte de nada, podia ser pior.
-Sempre pode ser pior né? Mas isso não muda o fato de que me cortei e está doendo.


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...e ela sorriu uma última vez.
Fugiu de repente de um mundo,
mundo de valores, ideias e conceitos.
Falsos moralistas de visão embaçada,
cuja mente é totalmente fechada.

...e ela partiu pela última vez
Fugiu de você.
Pessoa sem valores, ideais e sentimentos.
Falso idealista com "miopia social",
cuja mente é infantilmente atrasada.

...e ela se foi.


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Fique traquilo, não há com o que se preocupar.
Eu suprimi você de mim.
Te dei a maior prova que alguém pode dar.
Desisti antes de tentar.

Agora acalme-se.
Afinal não vou te procurar.

O Verbo no Infinito


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"Ser criado, gerar-se, transformar

O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para pode chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito..."


-Vinícius de Morais

Antes idiota que infeliz


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Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: ‘Digam o que disserem, o mal do século é a solidão’. Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma.


Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos ‘personal dance’, incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?


Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão ‘apenas’ dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos despreparados por não saber como voltar a ‘sentir’, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.


Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamento ORKUT, o número de comunidades como: ‘Quero um amor pra vida toda!’, ‘Eu sou pra casar!’ até a desesperançada ‘Nasci pra ser sozinho!’. ‘Unindo milhares, ou melhor, milhões em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.


Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, é demodé, é brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, ‘pague mico’, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.


Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz: ‘Se um problema é grande demais, não pense nele e se é pequeno demais, prá que pensa nele”. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou ser uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer prá alguém: ‘vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida’.


Antes idiota que infeliz!




-Arnaldo Jabor

Desabafo.


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Quando tudo torna-se um vácuo.

E aí, você sente saudade não de pessoas, nem de circunstâncias e lugares, mas de sensações. A sensação de felicidade, de suprema felicidade. Mesmo sem saber se ela realmente existe, mas acreditando que um dia aquilo que confortou o seu coração, era essa tal de felicidade.

De repente, a gente descobre que tudo não passou de ilusão. Ah, a danada da ilusão, pega a gente desprevenido e para valer. Ela não quer nem saber se a queremos por perto (até porque sabe que não), ela vem sorrateiramente e se instala em nossos sentidos. Quando a notamos, já é tarde. Só aí percebemos que fomos iludidos pela própria ilusão.


No ápice da ilusão, nos deparamos com cacos pelo chão, o que se quebrou? Ah, você pode imaginar. Por culpa de quem? Apenas sua. Ninguém mandou deixar se levar pela doçura que ilude e engana.


Só nesse momento vemos o quão imenso pode ser o abismo, o quão gigante pode ser a tristeza e o quão perigoso é a ilusão.

Horizonte


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Ó mar anterior a nós, teus medos

Tinham coral e praias e árvoredos.

Desvendadas a noite e a cerração,

As tormentas passadas e o mistério,

Abria em flor o Longe, e o Sul sidério

'Splendia sobre as naus da iniciação.


Linha severa da longínqua costa -

Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta

Em árvores onde o Longe nada tinha;

Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:

E, no desembarcar, há aves, flores,

Onde era só, de longe a abstrata linha.


O sonho é ver as formas invisíveis

Da distância imprecisa, e, com sensíveis

Movimentos da esperança e da vontade,

Buscar na linha fria do horizonte

A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -

Os beijos merecidos da Verdade.



-Fernando Pessoa



De longe tudo é turvo e, principalmente, indefinido. O que é bonito, as vezes fica feio. O certo pode parecer errado. Mas só chegando perto, podemos identificar com clareza a verdadeira essência e razão de ser. Só de perto podemos nos arriscar a julgar.

Para sempre fenômeno.


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Essa semana se despediu de nós um dos maiores jogadores brasileiros, para entrar em campo um novo "embaixador" da grande marca Corinthians.
Saiu o Fenômeno Ronaldo camisa 9, entrou Ronaldo Luís Nazário de Lima. Saiu um jogador, entrou um torcedor.
Perdemos um dos grandes jogadores da hitória do futebol brasileiro, aliás da hitória do futebol corinthiano. Mas em compesação ele nos deixou grandes heranças, não só de títulos, nem só de dinheiro pelo marketing. Ronaldo deixou marcas e exemplos de superação física, mostrou que não é apenas um mestre com a bola no pé, mas também um homem corinthiano, maloqueiro e sofredor.

Ele teve uma trajetória conturbada pelo timão, sofreu com o peso e as famosas lesões. Mesmo assim, logo nos trouxe, com a ajuda de todo o time, um Paulistão invicto e a Copa do Brasil em 2009, ano de sua chegada no alvinegro. Já em 2010 começaram as complicações, foi o ano de centenário do nosso time e tinha-se traçado como objetivo a conquista da Libertadores, que não foi alcançado após a derrota contra o Flamengo. Apesar da má fase unida a despedida do técnico Mano Menezes, atualmente na seleção brasileira, o centenário teve a sua beleza com direito a festas, shows e muita alegria.
Após todas as comemorações, o time estava focado no campeonato brasileiro. Demos a volta por cima, como sempre acontece no corinthians, chegamos perto da taça, mas nos "45 do segundo tempo" o time perdeu a garra e fomos parar fora da zona classificada direto para a Libertadores.
Então, em 2011 passou-se a almejar o tão dito título. E o sonho foi mais uma vez por água abaixo, já que o time foi eliminado logo na pré-libertadores. A partir daí instaurou-se um clima de tensão tanto nos jogadores quanto na torcida, alguns torcedores ameaçaram e foram violentos, buscando culpados pela eliminação. E é lógico que dentre os culpados estava Ronaldo.
Ele não diz, mas é óbvio que esse foi um dos agravantes na decisão de se aposentar. Infelizmente por diversos problemos não teremos mais o artilheiro das copas goleando pelo nosso timão. Mas pelo menos, teremos as lembranças de um grande jogador, mundialmente conhecido e admirado, que entrou para o "bando de loucos". E não entrou para brincadeiras, veio com garra e com jeito corinthiano, fez bonito como toda a sua vida.

Lembro-me como se fosse ontem do primeiro gol do nosso camisa 9, foi contra o "arqui-inimigo" Palmeiras, em 2009. Um belo gol, que garantiu o empate (1x1) mas para nós, corinthianos, foi uma espécie de conquista de título. O Parque São Jorge entrou em festa, toda a nação corinthiana festejou. Até os torcedores de outros times admiraram o feito, afinal o brilho do futebol de Ronaldo é realmente admirável.

Em paralelo, para a tristeza dos amantes do esporte e para os corinthianos, temos o último gol da carreira de Ronaldo.
Ele se despediu dos gramados vestindo o manto preto e branco, em 13/11/10, pelo campeonato brasileiro e em um penâlti contra Cruzeiro, garantindo a vitória por 1 a 0.

É assim que termina a carreira de um dos grandes ídolos do futebol brasileiro, o maior artilheiro das copas e apelidado de fenômeno mundo afora.

Antes de ser fã do Ronaldo, eu sou corinthiana. Porém, sendo corinthiana virei fã do Ronaldo. Afinal ele nos trouxe 35 gols em 69 partidas, 2 maravilhosos títulos e uma certeza: uma vez fenômeno, para sempre fenômeno.


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Alguma coisa se perdeu. Mas o que?
Não sei, as coisas mudaram. Nada mais é igual.
Acho que algo se quebrou. Um coração talvez partiu, alguém o fez partir.
As caras apareceram, máscaras já não existem.
Tudo sempre muda.
As pessoas mudam junto, se quebram, se destroem, se matam.
Para que? Porque?
Ao sofrer sentiremos a mesma dor, ao morrer seremos a mesma coisa: matéria morta e espírito vivo.
Já somos a mesma coisa e formamos uma unicidade, não entendo porque quebrar isso. Para que criar falsas idéias, falsos amores e falsas amizades....alimentar o ego? Envaidecer o orgulho?
Só pode.