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Rascunho
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Sabe aquele papel amarelado em que você rascunhou a lápis aquele belo texto?
Sou eu.
Não sou o papel, sou o texto.
O belo texto, mas que foi rascunhado a lápis.
Hoje em dia as palavras estão um tanto quanto sumidas, algumas bem apagadas impendem a compreensão das frases antes formadas.
Ninguém mais lembra a completude daquela obra, as palavras que faltam foram esquecidas pelos que as leram.
O tempo passou e as marcas de grafite se desfizeram, ninguém notou a degradação daquela escrita, ninguém lembrou de fazer uma cópia, ninguém apreciou a beleza da obra o suficiente para guardá-la com cuidado ou transformar o grafite em tinta permanente.
O texto meio apagado, a folha que as pessoas mal enxergam, as palavras descartadas...
Sou eu.
Não sou. Sou tinta permanente, mas vocês insistem em dizer o contrário para mim.
Mesmo que ninguém note, eu sou a escrita que fica, que propaga, que eterniza.
Essa sou eu!