Rascunho


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Sabe aquele papel amarelado em que você rascunhou a lápis aquele belo texto? 

Sou eu.
Não sou o papel, sou o texto.
O belo texto, mas que foi rascunhado a lápis. 
Hoje em dia as palavras estão um tanto quanto sumidas, algumas bem apagadas impendem a compreensão das frases antes formadas. 
Ninguém mais lembra a completude daquela obra, as palavras que faltam foram esquecidas pelos que as leram. 
O tempo passou e as marcas de grafite se desfizeram, ninguém notou a degradação daquela escrita, ninguém lembrou de fazer uma cópia, ninguém apreciou a beleza da obra o suficiente para guardá-la com cuidado ou transformar o grafite em tinta permanente. 
O texto meio apagado, a folha que as pessoas mal enxergam, as palavras descartadas...
Sou eu. 

Não sou. Sou tinta permanente, mas vocês insistem em dizer o contrário para mim. 
Mesmo que ninguém note, eu sou a escrita que fica, que propaga, que eterniza. 
Essa sou eu!

a pior coisa que aconteceu na minha vida...


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Deve ter sido eu. Minha mania de achar que as pessoas sentem como eu sinto, amam como eu amo. Me iludir com as palavras que escuto e me decepcionar com a inexistência de ações. Culpo a mim por acreditar, mesmo dizendo e repetindo que desconfio, aqui dentro nutro a crença nas pessoas. Culpo a mim por ler o outro com os mesmos olhos que me autoleio. A pior coisa que aconteceu na minha vida foi eu amar demais as pessoas.


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Por que as pessoas se destroem?
Por que as pessoas insistem em, pouco a pouco, dia após dia, destruir nossos sentimentos?
O que tem de errado em ser sincero, em ser amável, em ser amigo, companheiro ou solidário?
As pessoas agem com tanta indiferença que dia após dia se afundam em um abismo sem volta. Tudo bem. Podem se afundar, mas parem de me levar junto. Por favor.
Parem de dizer palavras sem verdade, parem de abusar das fragilidades, parem de mentir.
Por que as pessoas me destroem?


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parece que o mundo vai desmoronar, ou melhor, já desmoronou. Falando sozinha com as páginas em branco, na tentativa de encontrar oxigênio para voltar à vida. O mundo ficou de ponta cabeça ou era antes que ele estava assim? Não sei se agora eu não encontro meu chão ou se vivi até aqui flutuando. Eu sei quem eu sou, conheço minha identidade, meus objetivos são claros, meus gostos e vontades, aquilo que me faz feliz e me dá vontade de viver. Apesar disso, também parece, às vezes, que estou no abismo do meu eu. 

no limite do conhecer


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No entre limites, entrelinhas do ser e conhecer. 


O que sua boca diz, o que seu corpo movimenta, o que sua cabeça pensa, o que sua alma sente.

No emaranho das mentiras que o ser humano conta e nas falsidades que dele emana, como crer em alguém?

Nunca conhecemos, nunca conheceremos.

Apunhalando um e outro, uns aos outros.

A leitura que você faz do mundo não pode servir como lente para a um outro olho, um outro olhar.

Alteridade. 

Se fazer de libertário não te torna cool.

Se dizer libertário, se autointitular, não te libera para agir ignorando o outro. 

Alteridade. Sinceridade. Autenticidade.

Lhe falta. Muito.


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Tristeza não tem fim, felicidade sim...

não tem cura


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Não há remendo a ser feito, nem cola capaz de consertar. Nem tudo na vida é passível de quebra-cabeça. E tudo na vida é passível de ser despedaçado. 

Mais uma noite


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Mais uma noite, todas as noites desde que eu amei pela primeira vez. Mais uma noite, eu senti como se tivesse sido esmagada por toneladas de algum material denso. Mais uma noite, eu senti como sou um grão em um milhão. Mais uma noite, eu senti que não queria sentir nada. Nunca. Sempre. Nada. Pro resto de todas as vidas que eu possa ter.

estar só, sentir-se só, ser só


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Trilha sonora: https://youtu.be/mk2SNcpTNbs.             


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Hoje eu já choro sem saber o motivo. Eu choro no meio da tarde, quando acordo e quando vou dormir. Hoje eu choro sem aviso, sem ter hora pra chorar. Eu choro de angústia, de tristeza, de alívio, de medo, de saudade e sem saber qual sentimento estou sentindo. Hoje eu já choro olhando pela janela o movimento da rua, no metrô pensando na vida, ouvindo música deitada na cama. Choro por tantas coisas e pessoas que nem sei mais porquê coisas e pessoas choro. Tem gente que diz pra não chorar, outras pessoas dizem que chorar faz bem. Mas eu não penso mais sobre isso, porque ao invés de pensar, eu choro.