Ainda sem resposta.


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"Não mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura. O que é que se tornou importante para mim? No entanto, o que quer que seja, é através de literatura que poderá talvez se manifestar."

-Clarice Lispector

Sem nomear...


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Pensar em termos e classificar as relações é ordenar o seu mundinho colorido.
Desnecessário, cansativo, lastimante, fracassado, impossível? Talvez...

Afinal, não é o nome da coisa em si que constitui a sua essência. Mas, sim, o valor simbólico que atribuímos a ela. São as relações, tanto pessoais quanto sociais, que a definem como determinada coisa. Então, se já existe esse emaranhado de sensações, esse conjunto abstrato de "classificações", já existe a coisa em si.
Não é o nome que a define, não adianta nomea-la, ela existe antes disso, é um dado "a priori", ela que constitui o nome e não é o contrário. Desse modo, as coisas são colocadas como intrínsecas a você, presentes no seu ser cuja existência independe de vontade propriamente dita.


A vida é assim: um conjunto amarrado de sentimentos, relações, sensações...teias que transpassam a existência material, é algo além de ser definido, nomeado, classificado...