Prólogo
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Choque.
Foi assim que eu permaneci.
Nem notei que o metro estava em movimento, só quando me desequilibrei voltei a mim.
Já tinha imaginado inúmeras vezes como seria se eu te visse novamente, mas jamais sonhei que esse dia seria hoje.
Fazia tempo que eu não tinha essa sensação, minhas mãos não estavam mais acostumadas a suar e gelar simultaneamente.
Há muito tempo que o meu olhar não se enchia de emoção e minha respiração não ofegava.
Fazia tempo que eu não te via.
Precisava guardar esse momento, com todas as minha forças. Não queria esquecer como era essa sensação.
Senti que estava viva.
E queria permanecar viva, precisava sentir esse sangue que passava pelo meu coração desesperadamente, o bombear do meu orgão principal estava descontrolado, eu já não lembrava como era sentir isso.
Tive certeza que era você, por mais diferente que estava, seu olhar não me confundia, o mesmo olhar inocente e perdido de anos atrás.
Te observei atentamente, cada detalhe se prendeu em mim, nada mais era importante, só existia você.
Guardei a sua imagem, egoistamente, para mim.
Você percebeu que eu te admirava, olhou em minha direção, e eu, como sempre, fugi o olhar.
Sua atenção se prendeu, por alguns momentos, em mim. Mas, só por alguns momentos.
Inclinou a cabeça e desviou a sua atenção, eu já não era interessante.
De repente, levantou-se indo em direção a porta, o trem parou na estação e você desceu com o mesmo jeito atrapalhado de sempre.
Enquanto eu continuei lá, intacta, olhando você partir.