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Estamos sós. A premissa está dada: estamos sós. Partindo disso deveríamos ser livres, nos sentir livres, buscar liberdade, entender a liberdade e vivê-la. Seria mais fácil sustentar nosso ser se a premissa não tivesse sido - dia após dia - desconstruída, maquiada e escondida de nós. Entender o pertencimento e a unicidade de nosso ser torna-se fundamental para compreender a liberdade individual e construir nossa identidade. Claro, não é possível ignorar a máxima ''o homem é um animal político'', mas não se trata de abandonar a ideia de sociabilidade humana, sim de abandonar a raiz de muitas das nossas loucuras.
Não fui capaz de encontrar uma palavra para identificar ''a raiz de muitas das nossas loucuras'', mas posso descrevê-la.
Trata-se do impacto que o outro causa em nós, da imagem construída, do reflexo que as relações sociais nos causam. A sensação particular a que me refiro está pautada na visão sobre o modo como as relações tem se desenvolvido e as consequências da ''revolução tecnológica''; a falsa impressão de proximidade e pertencimento, a ansiedade e a busca incessante pelo outro, tais elementos parecem ser a gênese ''de muitas das nossas loucuras''.
Não posso dizer que é o certo, acho que ninguém o poderá dizer. Mas, ainda assim, afirmo que seria mais fácil viver se fôssemos capazes de transcender as presenças alheias e atingir o maior grau de compreensão da premissa dada.
Eu continuo falhando nessa missão.